segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Hoje

“Quando eu morrer quero tuas mãos em meus olhos;
quero a luz e o trigo de tuas mãos amadas
passar uma vez mais sobre mim seu viço:
sentir a suavidade que mudou meu destino.
Quero que vivas enquanto eu, adormecido, te espero...”

Pablo Neruda


Hoje eu quero viver

Como se só este dia existisse

Como se uma tormenta fosse varrer o mundo

E o ar sugado da atmosfera

Hoje viverei como se fosse o fim de tudo

E o princípio do nada

E então com desespero e como alento

Eu preciso da tua voz

Necessito urgentemente que me fales de saudades

Do desespero de viver sem teu alimento

Que a minha lembrança arrepia a tua pele

E o meu alô estremece os teus joelhos

Hoje eu quero iludir-me

Divagando que te tenho

Que o teu cabelo se enrosca em meu pescoço

E a tua respiração faz eco em meus ouvidos

Hoje eu quero apenas imaginar

Que tomo tuas mãos entre as minhas

E apenas te fito horas a fio

Até que os meus olhos se cansem e lacrimejem

Ou a luz do dia se encerre na escuridão

Hoje eu quero sentir ao menos em sonhos

Tuas costas nuas apoiadas sobre mim

Dizer-te do meu amor ao pé do teu ouvido

Ver teu peito arfar intensamente

E a tua voz embargar de emoção

Hoje, nem que seja só por hoje

Porque além disso nada mais importa...

Agnaldo Garcia



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