sábado, 4 de junho de 2011

A Guerreira e o Dragão Negro


Na mitologia visigoda, Rita era uma grande guerreira que travou uma luta feroz contra um dragão negro. Ela carregava sobre sua cabeça um elmo emplumado que a protegia das maléficas emissões de fluidos ectoplásmicos da criatura. Lembrava muito a deusa Athena pelas suas vestimentas e apetrechos de guerra que carregava imponente. Entre estes apetrechos, encontrava-se em sua mão direita uma lança com a qual desferia firmes e certeiros golpes no dragão que persistia maldosamente em atacar a sua aldeia.

Em tempos de paz, Rita era uma sábia aldeã que instruía os jovens aventureiros pelas sendas da vida. Ela era mestra em orientar caminhos e muito hábil na arte de produzir mapas que indicavam pontos de partida e de chegada. Diz a lenda que um dia de surpresa, ao cair da noite como é da preferência das criaturas maléficas, enquanto Rita aquecia-se em torno da fogueira no aconchego de sua casa, eis que um dragão pavoroso atacou sua aldeia. Surpreendentemente, a moça de traços delicados e personalidade aparentemente insegura transfigurou-se de coragem e resignada determinação para enfrentar a batalha contra o ser das trevas. Os moradores da aldeia espantaram-se com a atitude até então inesperada da jovem aldeã. Enquanto o dragão rugia e cuspia fogo, ameaçando tornar em cinzas o seu mundo, ela correu para o depósito de armas e tomou para si um escudo que daquele momento em diante, passou a empunhar nas batalhas, preso ao seu braço esquerdo junto a lança que segurava firme na mão direita. Partiu assim em embate contra o dragão, enquanto outros de ditosa coragem fugiam amedrontados pelos bosques adentro, desaparecendo para sempre na escuridão da noite.

O dragão negro, enfeitiçado por um mago diabólico que desejava destruir a aldeia, atacava sempre à noite e era rechaçado sem tréguas pela guerreira. Durante o dia, ela exausta repousava enquanto o dragão ferido fugia para a floresta para se recompor e voltar a atacar. Na terceira noite de ataque ela sentiu-se tão exausta que quase sucumbiu, mas manteve bravamente o escudo erguido, pois sabia que a derrocada da fera estava próxima.

Numa noite fria de agosto o dragão lançou seu último ataque. A guerreira ergueu o braço cansado e cravou-lhe a lança no coração, ponto mortal e frágil destas criaturas mágicas, e triunfou sobre a fera esmagando-lhe a cabeça com o ferrolho de suas sandálias.

Rita voltou a ser então a sábia moça aldeã vivendo feliz em sua pacata aldeia.

Dedicado à amiga e professora de geografia Rita de Cássia Marino, cuja batalha contra o dragão negro, pela fé já está vencida.


Agnaldo Garcia

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